A técnica
O processo inclui retirada de medula óssea a partir da pélvis do paciente. Depois, utilizando uma centrífuga, as células-tronco são isoladas e misturadas com um gel de colágeno preparado especialmente para esse procedimento. O resultado dessa mistura é então injetado no local da fratura do osso através de uma cirurgia minimamente invasiva.
As células-tronco penetram no local provocando a regeneração do osso. Assim, ele cresce como novo durante um período de tempo de ligação da fratura não cicatrizada.
A importância dessa nova técnica
De acordo com o professor Shetty, um dos desenvolvedores da nova técnica, a cada ano, cerca de 350.000 pacientes da Inglaterra e do País de Gales dão entrada em hospitais para tratarem fraturas. De 5 a 10% destas fraturas não são curadas porque o rompimento foi muito grave e a diferença entre os ossos é mais do que dois centímetros. Esses casos geralmente requerem vários procedimentos cirúrgicos e, ocasionalmente, a amputação do membro.
O professor Shetty também explica que, como sabemos, as células-tronco nos permitem fazer crescer qualquer parte do corpo, pois elas são, essencialmente, células inteligentes prontas para se tornarem qualquer coisa. Contudo, elas precisam de um sinal para iniciar o processo regenerativo e formar um determinado tipo de tecido, como ossos ou cartilagens. A dificuldade com o implante de células-tronco em um local da fratura é, justamente, que o osso não tem os sinais químicos necessários para que isso aconteça.
E é aí que aquele gel especial de colágeno que falamos entra. Demorou cerca de 5 anos para que ele fosse desenvolvido, mas todo esse tempo valeu a pena. Quando misturado com as células-tronco colhidas do próprio paciente para formar a mistura injetada na lesão, ele dá o sinal que essas células precisam para regenerar os tecidos e fazer os ossos crescerem para curar a fratura.
A operação para a aplicação dessa mistura de gel de colágeno e células-tronco é realizada sob anestesia geral. Demora cerca de 30 minutos e o paciente recebe alta para ir para casa no mesmo dia.
Evita amputações
Ainda de acordo com o professor Shetty, “as opções médicas tradicionais disponíveis para tentar curar esses tipos de fraturas são muito complicadas”, e utilizam enxertos de ossos e estruturas de metal com pinos e parafusos na perna. Assim os pacientes podem sentir muita dor e pode levar meses, até anos, para tentar curar a fratura e, mesmo assim, a única opção que normalmente é deixada para o paciente, caso a fratura não se cure, é a amputação.
Com esse novo procedimento, simples e minimamente invasivo – especialmente quando comparado com técnicas tradicionais -, os pacientes são capazes de caminhar quase que imediatamente após a operação e o tempo de recuperação é quase metade do necessário com métodos tradicionais. Todo o procedimento custa cerca de R$ 11 mil, que é consideravelmente menos do que as centenas de milhares de reais que custa uma amputação, se contarmos com as próteses e cuidados contínuos exigidos depois do procedimento.
“No momento, este procedimento está apenas sendo usado para fraturas complicadas que não cicatrizam, mas não há nenhuma razão para que esta técnica não possa ser usada para todas as fraturas no futuro, reduzindo o tempo necessário para a cura”, prevê Shetty.
Quem já se beneficiou da nova técnica
Até o momento, o professor Shetty realizou o novo procedimento em seis pacientes no Reino Unido, quatro na Índia e 20 na Coréia do Sul, com o professor Kim. O mais incrível é que obteve uma taxa de sucesso de 95%. Um desses pacientes é Clive Randell, de Kent, Reino Unido, que depois de quase dois anos de sofrimento, dor extrema e inúmeros procedimentos na tentativa de curar uma fratura na perna que sofreu em um acidente de moto, foi confrontado com a única opção que restava: a amputação.
Depois de pesquisar na internet por “como salvar minha perna”, ele encontrou o trabalho do professor Shetty e entrou em contato com ele por e-mail. Quando se conheceram, Shetty disse que poderia salvar a perna de Clive. Ele disse que quase não podia acreditar, mas naquele ponto, estava preparado para tentar qualquer coisa.
“Quando saí da operação, o professor Shetty me pediu para colocar todo o peso apenas na perna machucada, o que me chocou completamente e para ser honesto me assustou, porque eu tinha passado quase dois anos incapaz de colocar qualquer peso sobre a perna. Mas ele estava determinado e então eu fiz o que ele pediu, e para minha surpresa a perna não cedeu. Eu estava em casa em poucas horas e voltei a andar em poucas semanas”, conta Clive.
Ele também relatou que a cirurgia de células-tronco do professor Shetty é rápida mesmo e quase indolor. Randell torce para que mais pessoas possam se beneficiar dessa incrível técnica.
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