Como a obesidade afeta a vida sexual e amorosa da população

Mais da metade da população adulta brasileira está acima do peso: 
58% das mulheres e 52% dos homens, em comparação com a média mundial de 38% das mulheres e 37% dos homens, de acordo com um estudo do Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde em Washington (EUA), executado por pesquisadores de todo o mundo e publicado este ano.
Os números do Brasil são bem parecidos com a média da América do Sul, e ficam abaixo dos números nos Estados Unidos, onde quase 70% da população adulta está com sobrepeso ou é obesa.
No geral, no mundo todo, 2,1 bilhões de pessoas estão acima do peso, estatística que só deve aumentar no futuro.
Claro que isso não é bom, principalmente por motivos de saúde. Todos nós sabemos ou pelo menos já ouvimos falar das terríveis consequências – como diabetes, pressão alta, doenças cardíacas etc – associadas com o sobrepeso.
Mas será que só a saúde física dessas bilhões de pessoas é afetada? Certamente não. O buraco é muito mais embaixo, e a vida delas é influenciada por essa única característica de diferentes maneiras.

Vida amorosa e sexual

Sarah Varney deve lançar seu novo livro “XL Love: How the Obesity Crisis Is Complicating America’s Love Life” (em tradução livre “Amor XG: Como a crise da obesidade está complicando a vida amorosa na América”), em agosto.
Nele, ela analisa a forma como a gordura das pessoas pesa para além das estatísticas, particularmente na maneira como elas se relacionam física e intimamente.
O livro mostra que a obesidade altera o desenvolvimento sexual, o namoro, o casamento e a função sexual dos afetados, explica como a perda de peso pode melhorar ou piorar um relacionamento e até mesmo explora a atração da “pornografia peso pesado”.
“Eu certamente não vejo a epidemia de obesidade se revertendo em breve”, diz Varney. “Estamos apenas começando a entender como as relações humanas estão sendo afetadas por ela”.
Durante seus dois anos e meio de pesquisa, Varney descobriu que a obesidade pode ter um efeito negativo sobre as relações sexuais, de barreiras físicas para a intimidade a mudanças de atitude com ganho ou perda de peso.

Histórias reveladoras

Varney diz que teve muito trabalho para ganhar a confiança dos personagens que a ajudaram a ilustrar o drama de milhares de pessoas do mundo todo.
Muitos desses personagens ela conheceu através de grupos para perda de peso. Eles compartilharam detalhes altamente pessoais e muitas vezes difíceis de dividir sobre sua vida amorosa, como, por exemplo, fez Dana Englehardt, da região de San Francisco, nos EUA.
Varney conheceu Englehardt quando ela tinha 120 quilos e apneia do sono e era completamente indiferente ao seu marido, Larry. “Eu me sentia tão mal comigo mesma. Mesmo que meu marido dissesse: ‘Eu te amo do jeito que você é’, eu não podia sequer começar a imaginar que isso poderia ser verdade”, contou Englehardt à autora.
Englehardt aparece mais tarde no livro depois de ter se submetido a uma cirurgia bariátrica para perda de peso. O que é mais interessante é que emagrecer não resolveu seus bloqueios sexuais. O que realmente fez diferença foi uma terapia que abordou seus problemas com a imagem do seu corpo como um todo, bem com aconselhamento matrimonial.
“Eu pensei que perder peso iria resolver tudo. [Mas] Enquanto os quilos caíam e as roupas ficavam menores, eu não me sentia uma pessoa menor”, explica Englehardt.

Além do peso

“Eu acho que existe este estereótipo de que [os obesos] se fecham, essa ideia de que ficam dormentes e em guerra com eles mesmos”, disse Varney. Só que as coisas são mais complicadas que isso. Quando você questiona as pessoas sobre seus medos, “o que você ouve são coisas como ‘Eu sou extremamente triste com isso. Eu quero desesperadamente estar em um relacionamento com meu marido ou minha esposa. Eu quero me sentir bem quando ele/ela me toca’”.
No meio do livro, Varney move seu discurso do cérebro para o corpo, explorando a “mecânica” ruim entre os parceiros, bem como a forma como a gordura da barriga pode diminuir a produção de testosterona nos homens, potencialmente levando a problemas sexuais.
Apesar de terem sido abordados no contexto da obesidade, de acordo com especialistas, você não precisa estar acima do peso para experimentar sexo ruim ou falta de libido.
“O problema com a suposição de que há um ‘desafio’ nas relações com pessoas obesas é que se baseia em uma suposição equivocada de que exatamente os mesmos tipos de problemas de imagem corporal não afetam qualquer um que não esteja acima do peso”, afirma a ativista de imagem corporal Hanne Blank.

De fato, muitos de nós, acima do peso ou não, sofrem por não se considerarem dentro de um padrão de beleza irreal fomentado pela mídia atualmente. Isso gera muitos problemas de autoestima que podem se refletir no bem-estar físico e mental de maneiras diferentes. 
[CNN,BBC]

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