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NÃO EXISTIAM AULAS DE HISTÓRIA NA IDADE MÉDIA (A HISTORIA ENGANOU A HUMANIDADE)
A simples e fechada narrativa medieval deu lugar
a um infinito questionamento sobre o papel dos estudos e a forma de
conduzi-los.
Durante a Idade Média, a História não tinha sido
matéria de ensino. A História era muito mais um aspecto de cultura geral do que
de escola, afirma o historiador Huizinga. O sistema escolar da Idade
Média". escreve, "formado pela influência da tradição da Baixa
Antiguidade, não reservava um lugar especial para a História. A influência
restritiva de Aristóteles, o mestre incontestável dos homens de cultura daquela
época, descredencio-se a do mundo dos saberes reconhecidos. Aristóteles
considera o historiador francês Francois Hartog, nada escreveu no gênero
História, contudo, suas reflexões na poética, obra na qual estabelece a
superioridade da poesia trágica (que diz respeito ao geral) sobre narrativa
histórica (limitada ao particular), estabeleceram o fardo que a historiografia
carregou por muitos séculos.
Segundo a falácia da autoridade das teorias
aristotélicas, as universidade medievais não a reconheceram em seus programas
de ensino. Mesmo depois na época do Renascimento e, inclusive depois, a
História desempenhou papel bastante secundário no elenco das disciplinas
universitárias. A primeira cátedra que se tem noticia foi criada em Mayence,
Alemanha, no ano de 1504. Depois disso,. outras foram também criadas na Europa.
Mas sempre como iniciativas minguadas e isoladas, até os finais do século
XVIII.
NA IDADE MÉDIA, PASSADO E PRESENTE FORMAVAM UMA
SÓ DIMENSÃO, EM MEIO A UM IMAGINÁRIO SOCIAL E POLITICO DOMINADO PELOS PRODIGIOS
DIVINOS.
O homem da Idade Média considera Leo Goff, vive
num constante anacronismo, ignora a cor, reveste os personagens na antiguidade
de hábitos, sentimentos e comportamentos medievais. Os cruzados acreditavam que
iam a Jerusalem vingar os verdadeiros carrascos de Cristo" como os
cronistas da Baixa Idade Média essa nostalgia vai apagar-se progressivamente,
pelo reconhecimento das especifidades dos tempos históricos, no sentido
atribuído por Reinhart Koselleck . A percepção da dinâmica dos tempos
históricos muito tem haver com a ruptura do ideal de Cristandade, a partir da
ascensão das monarquias feudais e de suas demais fases evolutivas das formas
dos Estados Principescos e Estados régios nos inícios da época moderna.
Ao longo do Antigo Regime, os livros de História
eram cópias uns dos outros, com uma tendência sem restrições para o decalque,
para simples glosa ou para exercícios bastante livres de redação de textos.
História feita de rapinas e fervores, ou seja, plágio e veneração dos modelos
consagrados, no dizer de Charles de Olivier Carbonell. A criatividade dos
autores manifestava-se apenas na arte de copiar, porque não importava produzir
novas formas de interpretação dos acontecimentos. Esse é o método de cola e
tesoura, a técnica de Collingwood atribuiu aos historiadores da época
helenística que, pretendeu escrever História sobre um passado mais afastado doa
acontecimentos de seu próprio tempo, faziam-no recortando informações dos
livros de Heródoto, Tucídies e de outros, devido a incapacidade ou inaptidão
para o estabelecimento de um juízo crítico norteador da pesquisa histórica,
valia i peso do argumento da autoridade escolhida para legitimar tais e tais
sucessos. A falácia a autoridade era a regra, porque era com as autoridades que
os escritores de mediam, era por meio delas que venciam as discussões, ao sacar
esse ou aquele argumento aparentemente irretorquível sobre a matéria em
questão.
Como escreveu Paul Hazard em seu Crise da
Consciência Européia, todos esses historiadores charlatães queriam igualar a
glória de Tito Lívio e, para fazer espírito, elaboravam longos e maçantes
discursos, atribuindo as mais finas sentenças aos homens mais ignorantes. Na
época dos Meézeray, Varillas, Vertot, Daniel, Saint-Real, Eachard, Boyer,
Burnet, de Sólis, o passado era concebido como matéria de um sentido fixo, como
um objeto que deveria ficar fora de controvérsias. Segundo a percepção dos
escritores Seiscentistas dos livros de História, o passado estava imobilizado,
o que equivale a dizer que a história já fora narrada de forma suficiente pelos
grande nomes, valendo apenas o juízo de autoridade dos vultos célebres da
tradição. Cabia reconta-la, sim, por meio de variações retóricas atualizadas.
TEMPLOS COM PASSADO NÃO CATÓLICO
Nem todas as construções do Vaticano tem uma
origem puramente católica. Devido as guerras e incorporações de territórios,
locais que foram marcos de cerimônias pagãs ou símbolos de vitorias militares
passaram por adaptações e viraram prédios da igreja católica. O exemplo mais
expressivo é a Basílica de São Pedro, a maior Igreja do mundo.
A cidade de Roma, onde se localiza o Vaticano, é
um verdadeiro sitio arqueológico que guarda vestígios de diferentes momentos da
civilização do ocidente europeu. Ao longo de uma história marcada por guerras
territoriais e religiosas, a ação da Igreja em construir ou adaptar templos
cristãos os espaços sagrados utilizados por outros credos deve ser entendida
coo estratégia de inculcação de valores culturais e doutrinários de modo que o
fiel, ao enxergar aquele espaço, identificasse-o imediatamente com o sistema
religioso predominante”, explica Marcus levy Bencostta, doutor em História pela
USP e professor da Universidade Federal do Paraná. Foi o que aconteceu – mas
não oficialmente – com a Basílica de São Pedro. Segundo Bencostta, na memória
oficial da Igreja Católica, a ordem de construção da basílica naquele local tem
como referência a morte do apóstolo Pedro, ocorrida ali. Mas há uma outra
história importante: a Coluna de Trajano era um monumento incrustado em uma das
principais faces da Roma antiga, que foi erguida por ordem do senado romano,
entre os anos de 106 e 1113, para homenagear as vitórias do imperador Trajano
contra os Dácios. No século XVI, em plena Contra-Reforma, a igreja substituiu a
estatua alusiva a Trajano que emcimava a coluna, pela estatua de São Pedro.
“Posso inferir que a substituição da estatua no topo da coluna significa que a
igreja aproveitou toda a simbologia de luta e vitoria que representava aquele
monumento para anunciar em alto e bom tom que o catolicismo continuara sendo a
ordem que o mundo temporal deveria respeitar, sendo a figura do apostolo Pedro
providencial nessa inculcação”, diz Bencostta. A Basílica de São Pedro tem
capacidade de receber 60 mil pessoas e foi construída entre os séculos XV e
XVII por vários arquitetos, como Donato Bramante, Michelangelo e Gian Lorenzo
Bernini. Em seu interior tem sepultados todos os papas. Entre os tesouros
guardados ali, esta a Pietá de Michelangelo, uma das estatuas mais famosas do
mundo.
TRECHO DA REVISTA Leituras Da História ano 1 n 2 Editora
Escala.ano 2007
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