A árvore tão mortal que foi usada como instrumento de tortura

A mancenilheira (Hippomane mancinella) é uma das plantas mais mortais do mundo. De fato, ela possui um registro oficial no Livre dos Recordes Guinness como “árvore mais perigosa do mundo”.
Mas será que uma planta pode ser tão ameaçadora assim?
Com certeza. Só entrar em contato com sua casca ou folhas pode deixar uma pessoa com queimaduras graves ou cega. Comer um de seus frutos é uma escolha potencialmente letal. A árvore é tão mortal que já foi utilizada para a fabricação de dardos envenenados, e como um lugar para amarrar e torturar conquistadores espanhóis.
A mancenilheira é nomeada a partir da palavra espanhola para “pequena maçã”, que é manzanilla. Isso porque a árvore ostenta frutos verdes que se parecem com pequenas maçãs. Outro nome da planta, mais adequado, é “arbol de la muerte”, ou “árvore da morte”. Seu gênero, Hippomane, recebeu esse nome depois que seres humanos notaram que cavalos eram levados à loucura quando comiam suas plantas.
A árvore pode parecer pouco mais que um arbusto, mas às vezes cresce até cerca de 15 metros de altura. É encontrada principalmente no sudeste dos Estados Unidos, no Caribe e na América Central. Sua casca é castanho-acinzentada, e suas folhas são de um verde brilhante. Seus frutos são de um cheiro doce e atraente.
Cada parte da árvore é venenosa. As folhas e a casca contêm um veneno que irrita a pele e causa bolhas graves. A seiva leitosa que vaza da planta também pode causar queimaduras profundas. O fruto até tem um gosto bom, mas comê-lo causa um enorme sofrimento: apenas engolir uma pequena quantidade vai deixar bolhas e queimaduras na sua boca, garganta e até mesmo trato digestivo. Seu esôfago pode inchar. Comer grandes quantidades pode literalmente te matar.
Como se isso não fosse suficiente, a árvore também pode causar sérios danos se você somente ficar em pé sob ela. Se estiver chovendo, a água caindo das folhas pode levar toxinas até sua pele, deixando-o gravemente queimado ou cego.
De fato, há relatos de nativos da Flórida do século 16 que torturaram invasores conquistadores espanhóis amarrando-os nestas árvores durante a chuva. Muitos povos indígenas também usaram o veneno da mancenilheira em flechas e dardos.
Tendo em vista o perigo que representa, seria uma boa ideia retirar essas árvores de áreas povoadas, certo?
No entanto, este é um desafio. Cortar as árvores faz escorrer sua seiva venenosa, e queimá-las libera suas toxinas em uma forma vaporosa. Mesmo o contato com essa fumaça pode deixar queimaduras na pele e resultar em cegueira.
Estranhamente, a madeira da árvore tem sido altamente valorizada na confecção de móveis coloniais. Uma vez que a lenha é deixada para secar ao sol, suas qualidades venenosas desaparecem em grande parte. A secagem dos frutos tem um efeito semelhante. Frutos secos já foram usados como diuréticos. Na Jamaica, goma de mascar feita da árvore também tem sido muito utilizada para tratar várias doenças venéreas.
Há também uma iguana nativa da América Central que é completamente imune às qualidades venenosas da árvore, e muitas vezes vive entre seus ramos. [KnowledgeNutsUFLFDAFoto]

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