“Continuamos a perder muitas coisas na vida só por causa da falta de coragem. Na verdade, nenhum esforço é necessário para conquistar – só é preciso coragem – e as coisas começarão a vir até você, em vez de você ir atrás delas. Pelo menos no mundo interior é assim.
E ser feliz é a maior coragem! … Para ser infeliz, não é preciso nada. Qualquer covarde pode ser, qualquer tolo pode ser. Todo mundo é capaz de ser infeliz; para ser feliz é preciso coragem – é um risco tremendo.
Não temos o costume de pensar assim. Nós pensamos: “ O que é preciso para ser feliz? Todo mundo quer ser feliz.” Isso está absolutamente errado. É muito raro uma pessoa estar pronta para ser feliz – as pessoas investem tanto na infelicidade! Elas adoram ser infelizes. Na verdade, elas são felizes por serem infelizes.
Há muitas coisas para se entender – sem entendê-las é muito difícil se livrar da mania de ser infeliz. A primeira coisa é: ninguém está prendendo você; é você que decidiu ficar na prisão da infelicidade. Ninguém prende ninguém. O homem que está pronto para sair dela, pode sair quando quiser. Ninguém mais é responsável. Se uma pessoa é infeliz, é ela mesma a responsável. Mas a pessoa infeliz nunca aceita a responsabilidade – é por isso que continua infeliz. Ela diz: “ Estão me fazendo infeliz” .
Se outra pessoa está fazendo com que você seja infeliz, naturalmente não há nada que você possa fazer. Se você mesmo está causando a sua infelicidade, alguma coisa pode ser feita… alguma coisa pode ser feita imediatamente. Então ser ou não ser infeliz está nas suas mãos. Todavia as pessoas ficam jogando nos outros a responsabilidade – na mulher, no marido, na família, no condicionamento, na infância, na mãe, no pai… outras vezes na sociedade, na história, no destino, em Deus – mas não param de jogar nos outros. Os nomes são diferentes, mas o truque é sempre o mesmo.
Um homem torna-se realmente um homem quando aceita a responsabilidade total – é responsável pelo quer que seja. Essa é a primeira forma de coragem, a maior delas. É muito difícil aceitá-la porque a mente vai continuar dizendo: “Se você é responsável, porque criou isso?”. Para evitar isso, dizemos que os outros são responsáveis: “O que eu posso fazer? Não tem jeito… sou uma vítima! Sou jogado daqui para ali por forças maiores que eu e não posso fazer nada. Posso no máximo chorar porque sou infeliz e ficar ainda mais infeliz chorando”. E tudo cresce – se você cultiva uma coisa, ela cresce. Então você vai cada vez mais fundo… mergulha cada vez mais fundo.
Ninguém, nenhuma outra força, está fazendo nada a você. É você e só você. Isso resume toda a filosofia do karma – que é o seu fazer; karma significa ‘fazer’. Você fez e pode desfazer. E não é preciso esperar, postergar. Não é preciso tempo – você pode simplesmente pular fora disso.
Mas nós nos habituamos. Se pararmos de ser infelizes, nos sentiremos muito sozinhos, perderemos nossa maior companhia. A infelicidade virou nossa sombra – nos segue por toda a parte. Quando não há ninguém por perto, pelo menos a infelicidade está ali presente – você se casa com ela. E trata-se de um casamento muito, muito longo; você está casado com a sua infelicidade há muitas vidas.
Isto é o que eu chamo de a grande coragem: divorciar-se da infelicidade, perder o hábito mais antigo da mente humana, a companhia mais fiel.”
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