Há um oceano residindo no interior da Terra, dizem os cientistas

Há tempos que os pesquisadores teorizam que o manto da Terra pode abrigar grandes quantidades de água, e um diamante encontrado em solo brasileiro ajudou a confirmar essa teoria.
O raro diamante, encontrado em 2009 em Juína, no Mato Grosso, contém um mineral de olivina chamado ringwoodite, que só se forma em pressão e temperaturas muito elevadas, condições encontradas no interior da Terra, mais especificamente a 515 km de profundidade, na chamada zona de transição do manto.
A maior parte do planeta é composta pelo manto, uma camada rochosa muito quente que se situa entre a crosta e o núcleo. Sua composição é tema de debates, uma vez que é impossível perfurar tanto com nossa tecnologia atual. No entanto, meteoritos que caem na Terra e pedaços de rocha que os vulcões expelem podem dar algumas dicas.
Acredita-se que o manto terrestre é similar aos de meteoritos condritos, que são formados essencialmente por olivina. A lava que os vulcões expelem passa às vezes pelo manto, trazendo pedaços de minerais que fazem alusão ao forte calor e a olivina no interior do planeta.
Com base em experimentos envolvendo lasers para simular o interior da Terra, pesquisadores descobriram que entre 520 e 660 quilômetros de profundidade a olivina se torna ringwoodite, mas tal material nunca havia sido encontrado até o achado do diamante brasileiro.
Além disso, o diamante resolveu um grande debate sobre a presença de água na zona de transição do manto. Os cientistas descobriram que o ringwoodite é formado por 1,5% de água, que não está presente em forma líquida ou gasosa, mas sim em hidróxido de íons (moléculas de oxigênio e hidrogênio ligadas). A descoberta apoia a teoria de que o manto abriga um vasto estoque de água, comparável em massa aos grandes oceanos da superfície.
Os pesquisadores acreditam que parte dessa água vai parar lá por que ela “vaza” dos oceanos por meio de zonas de subducção. No entanto, talvez nem todo o manto seja tão rico em água – há a possibilidade de que o diamante seja um reservatório incomum, e que pode haver outros locais na zona de transição que contém menos água do que na amostra encontrada. Para saber se esse é o caso, mais amostras precisam ser achadas e estudadas. [LiveScience]

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