Médicos do New Hope Fertility Center, em Nova York, nos EUA, ajudaram uma família a ter um bebê utilizando DNA de três pessoas.
Essa não é a primeira vez que um bebê com “três pais” é concebido, mas é a primeira vez que isso acontece utilizando uma nova técnica de fertilidade.
O menino de cinco meses de idade recebeu o DNA de sua mãe e de seu pai, além de um pequeno pedaço de código genético de uma doadora. Isso foi feito para garantir que a criança não desenvolvesse uma condição genética que sua mãe jordaniana carrega em seus genes.
O método pode ajudar outras famílias com condições genéticas raras a ter filhos livres das doenças. No entanto, a chamada doação mitocondrial ainda é controversa, e cautela quanto ao procedimento é necessária por enquanto.
Síndrome de Leigh
As mitocôndrias são estruturas minúsculas que produzem energia e estão presentes em quase todas as células do corpo. Algumas mulheres carregam defeitos genéticos nas suas mitocôndrias, e podem transmiti-los a seus filhos.
No caso da família jordaniana, esse defeito era uma doença chamada síndrome de Leigh, que teria sido fatal para qualquer criança concebida. Eles já tinham experimentado quatro abortos espontâneos, bem como a morte de dois filhos, um de oito meses e outro de seis anos de idade.
A doença neurológica grave, que afeta pelo menos um em 40.000 bebês recém-nascidos, normalmente torna-se evidente durante o primeiro ano de vida de uma criança, e provoca a perda progressiva do movimento e deterioração das funções mentais. As crianças com a condição geralmente morrem dentro de dois a três anos, por causa de insuficiência respiratória.
Mutações em 75 genes diferentes têm sido associadas com a condição, sendo que a maior parte ocorre no núcleo do DNA. Porém, em um a cada cinco casos, o culpado é o DNA mitocondrial.
Novo método
Os cientistas desenvolveram uma série de métodos de fertilidade para ajudar famílias nessa situação. O primeiro bebê com DNA de três pessoas nasceu no final dos anos 1990.
A equipe dos EUA, encabeçada pelo Dr. John Zhang, viajou ao México para realizar o novo procedimento, porque lá não há leis que proíbem isso. Seu método usa todo o DNA vital do óvulo da mãe, mais mitocôndrias saudáveis a partir de um óvulo doado, para criar um novo óvulo saudável que pode ser fertilizado com o esperma do pai.
O resultado é um bebê com 0,1% de DNA da doadora (DNA mitocondrial) e todo o código genético para coisas como cor do cabelo e dos olhos vindos da mãe e do pai.
Os médicos criaram cinco embriões, mas apenas um deles se desenvolveu normalmente.
Críticas
Existem algumas questões éticas envolvidas com o procedimento, incluindo como qualquer criança pode sentir-se sobre ter o DNA de três pessoas. Especialistas em fertilidade dizem que é importante avançar com a técnica, mas com cuidado.
No entanto, o método tem seus críticos. Alguns têm questionado se só agora estamos ouvindo as histórias de sucesso, enquanto tentativas falhas podem não ter sido declaradas.
Além disso, há quem considere o trabalho irresponsável. O Dr. David King, do Human Genetics Alert, disse ao portal BBC: “É escandaloso que eles [os médicos] simplesmente tenham ignorado a abordagem cautelosa de reguladores dos Estados Unidos e ido para o México, porque acham que sabem o que estão fazendo. Desde quando uma justificativa simplista como ‘salvar vidas’ é ética, especialmente quando nenhuma vida estava sendo salva?”.
Dr. Zhang e sua equipe afirmaram que vão responder a estas perguntas quando apresentarem suas descobertas em uma reunião da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, em outubro. [BBC]
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