Publicado na Scientific Reports, braço online da revista “Nature” na última semana, um estudo mostrou que, no exato momento em que um espermatozoide penetra um óvulo, este último libera bilhões de átomos de zinco faiscantes em sua superfície. Usando a microscopia fluorescente, estas faíscas emitem uma luz, que pode então ser filmada, conforme explica o portal IFLS.
A descoberta de que as células de óvulos humanos passam por esse processo pode levar a novas maneiras para os médicos identificarem os óvulos viáveis para a fertilização in vitro (FIV).
“Foi notável”, contou Teresa Woodruff, uma das autoras sênior do estudo. “Nós descobrimos a centelha de zinco apenas cinco anos atrás, no [óvulo de] camundongo, e ver o zinco irradiar-se em uma explosão de cada óvulo humano era de tirar o fôlego. Toda a biologia começa no momento da fecundação, no entanto nós não sabemos quase nada sobre os eventos que ocorrem [na fertilização do] ser humano”.
Os cientistas conseguiram registrar imagens dos flashes de zinco nos óvulos humanos após injetá-los com uma enzima liberada pelo espermatozoide quando atinge o óvulo em circunstâncias normais. Eles não foram autorizados a usar esperma real devido à limitação da pesquisa com seres humanos sob a lei federal dos Estados Unidos, mas estudos anteriores usando óvulos de camundongos e espermatozoides mostraram que a mesma coisa acontece. A enzima do esperma faz com que o cálcio no óvulo aumente e causa a liberação de zinco.
Faíscas
Esta zinco, em seguida, se junta a pequenas moléculas que, por sua vez, emitem luz em experimentos de microscopia de fluorescência. Isto significa que, quando o esperma atinge os óvulos e libera bilhões de átomos de zinco, pode até mesmo haver um pequeno raio de luz. Esta é a primeira vez que os pesquisadores viram que este processo não acontece apenas em outros mamíferos, mas também durante a fertilização humana.
No desenvolvimento de um embrião, o nível de zinco contido dentro de um óvulo pode ter implicações importantes no modo como o embrião recém-fertilizado cresce. Com a descoberta de que as faíscas produzidas pelos óvulos são um marcador direto da quantidade de zinco existente no óvulo, os médicos que trabalham com fertilidade poderiam ter um novo método com o qual escolher os melhores óvulos com a mais alta probabilidade de sobrevivência para utilização na fertilização in vitro.
“Atualmente, não existem ferramentas disponíveis que nos digam se um óvulo é de boa qualidade”, explica Eve Feinberg, uma das coautoras do estudo. “Muitas vezes não sabemos se o óvulo ou embrião é realmente viável até que vejamos se a gravidez segue. Essa é a razão pela qual isso é tão transformador. Se nós temos a habilidade antecipada de ver qual é um bom óvulo e qual não é, nos ajuda saber quais embriões transferir [para o útero], evitando muita dor de cabeça e conseguindo a gravidez muito mais rapidamente”. [IFLS, Scientific Reports]
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