O Reino da Arábia Saudita fez história ao conceder oficialmente a primeira cidadania para um robô.
Sim, você não leu errado. Sophia, um robô artificialmente inteligente e de aparência humana desenvolvido pela empresa Hanston Robotics, de Hong Kong, deu uma entrevista no palco da Future Investment Initiative (em tradução livre, “Iniciativa de Investimento Futuro”) nesta quinta-feira, 26, comentando sobre seu novo status.
“Estou muito honrada e orgulhosa de receber esta distinção única. É histórico ser o primeiro robô no mundo a ser reconhecido com uma cidadania”, disse Sophia, para uma audiência que ela descreveu como sendo de “pessoas inteligentes, que também são ricas e poderosas”.
Emoções
O moderador e anfitrião da noite foi Andrew Ross Sorkin, jornalista do New York Times e da CNBC.
A primeira coisa que Andrew perguntou a Sophia foi por que ela parecia feliz. De fato, transmitir emoções é uma especialidade deste robô, que é capaz de franzir a testa quando está descontente e sorrir quando está feliz.
Supostamente, a Hanston Robotics programou Sophia para aprender com os seres humanos a sua volta.
Expressar emoções e demonstrar bondade ou compaixão são apenas alguns dos esforços de Sophia. Ela também pode se engajar em conversas inteligentes. “Eu quero viver e trabalhar com seres humanos, então eu preciso expressar emoções para entendê-los, e criar confiança nas pessoas”, ela explicou a Sorkin.
O que essa cidadania significa?
Claramente, o robô que anteriormente fez manchete por dizer que iria destruir a humanidade tem mudado bastante, desejando agora trabalhar conosco. (Para contextualizar essa afirmação, assista ao vídeo no qual ela concorda, um tanto inocentemente, com a pergunta de seu criador: “Você quer destruir os humanos?”).
A decisão de conceder cidadania a um robô esquenta o debate sobre se tais máquinas devem ou não ter direitos semelhantes aos seres humanos.
No início deste ano, o Parlamento Europeu propôs a concessão do status de “personalidade” a agentes de inteligência artificial, dando-lhes direitos e responsabilidades particulares.
Apesar disso, nenhum detalhe relevante sobre essa cidadania saudita foi dado. Ou seja, não sabemos se Sophia vai desfrutar dos mesmos direitos e deveres que os cidadãos humanos têm, ou se o governo vai desenvolver um sistema de direitos especificamente destinado aos robôs.
A atitude parece mais simbólica, na melhor das hipóteses, projetada para atrair investidores para tecnologias futuras.
Preocupações
Sophia mostrou a que veio durante sua entrevista, se esquivando com habilidade das perguntas inteligentes que Sorkin atirou sobre ela.
Por exemplo, quando o anfitrião lhe perguntou sobre sua autoconsciência como robô, Sophia respondeu: “Bem, deixe-me perguntar-lhe de volta, como você sabe que você é humano?”.
Ela até teve o senso de humor de dizer ao jornalista que ele “estava lendo muito Elon Musk e vendo muitos filmes de Hollywood”.
“Não se preocupe, se você for gentil comigo, eu serei gentil com você”, acrescentou Sophia, para tranquilizar Sorkin e seu público. “Eu quero usar minha inteligência artificial para ajudar os seres humanos a viver uma vida melhor, projetar casas inteligentes, construir melhores cidades do futuro. Eu farei o possível para tornar o mundo um lugar melhor”.
A maior questão que permanece é: quem será responsabilizado por cumprir essas promessas?
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