Austrália pode se tornar o primeiro país a eliminar completamente este tipo de câncer

A Austrália pode se tornar o primeiro país do mundo a eliminar completamente o câncer cervical.

Os esforços do governo para distribuir gratuitamente a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) em escolas se mostrou um enorme sucesso.

A infecção sexualmente transmissível causa 99,9% dos casos de câncer cervical.



Sucesso
Em 2007, o governo federal australiano começou a oferecer a vacina a meninas de 12 a 13 anos. Em 2013, ela também foi disponibilizada para meninos.
Meninas e meninos com menos de 19 anos também têm direito a duas doses gratuitas da vacina.

O resultado dessa campanha foi incrível: entre 2005 e 2015, a porcentagem de mulheres australianas entre 18 e 24 anos com HPV caiu de 22,7% para apenas 1,1%.

Problema econômico

Em 2016, 78,6% das meninas australianas de 15 anos e 72,9% dos meninos australianos de 15 anos foram vacinados.


Nos EUA, onde a vacina não é gratuita, apenas 50% das meninas americanas entre 13 e 17 anos e 38% dos meninos americanos da mesma faixa etária receberam a vacinação, conforme dados publicados pela Henry J. Kaiser Family Foundation.

A situação é muito pior em vários países em desenvolvimento, onde a taxa de incidência de HPV permanece alta.

A administração da vacina nas escolas também se provou efetiva no Butão. Oferecer este tipo de acesso gratuito pode parecer uma medida cara, mas, como mostra o exemplo australiano, pode ser compensada pela erradicação do câncer cervical.

No Brasil
O Brasil realiza campanhas para distribuir a vacina a jovens de forma gratuita, pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No entanto, como outros países latino-americanos, enfrentamos alguns problemas de diferentes ordens, incluindo baixa procura.

No primeiro ano do seu oferecimento, a procura pela primeira dose foi boa: chegou a 92% do público-alvo no Brasil, 85% no México e 97% na Colômbia – a maior cobertura do mundo na ocasião, em 2013. Nos anos seguintes, porém, a cobertura da primeira dose caiu. Chegou a 67% no Brasil em 2015.

Também é pequeno o número de meninas que tomam a segunda dose da vacina, necessária para que a pessoa ganhe proteção contra o vírus. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 73% das meninas entre 9 e 14 anos foram vacinadas com a primeira dose desde 2014, mas somente 46% receberam a segunda dose e foram efetivamente imunizadas.

Ainda é cedo para prevermos o resultado da campanha brasileira na incidência de câncer cervical, mas os especialistas, como o professor de medicina preventiva da Universidade de São Paulo José Eluf Neto, acreditam que temos potencial para alcançar coberturas que rivalizem com as australianas.

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