Pesquisadores reprogramaram neurônios para ativar um movimento, o que abre um enorme campo de pesquisa para a reabilitação de pessoas que sofreram danos cerebrais parciais
(FOTO: PIXABAY)
Um grupo de pesquisadores demonstrou que o cérebro possui uma flexibilidade maior do que se pensava ao "treinar" neurônios que normalmente processam informação proveniente dos olhos para "desenvolver outras habilidades", revelou um estudo publicado nesta quinta-feira.
A pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley e da Universidade de Columbia, ambas nos Estados Unidos, "reprogramou" com sucesso os neurônios para ativar um movimento, o que abre um enorme campo de pesquisa para a reabilitação de pessoas que sofreram danos cerebrais parciais, como nos casos de derrames e embolias.
No estudo, neurônios que não são motores como os dos olhos conseguiram realizar funções motoras, associadas por exemplo com a utilização de próteses e equipamentos ortopédicos.
"Pegamos arbitrariamente pequenos grupos de neurônios no córtex visual e virtualmente redirecionamos suas atividades para controlar uma interface cérebro-computador ou BMI (na sigla em inglês)", explicou José Carmena, autor sênior do estudo.
O experimento realizado em ratos permitiu que os animais de laboratório utilizassem os neurônios para a nova atividade, o que mostra, segundo os pesquisadores, que o cérebro "oferece uma plasticidade e flexibilidade que permite que muitos de seus neurônios sejam treinados para cumprir outras funções".
Os especialistas também descobriram que as conexões que partem do córtex cerebral para o corpo estriado subjacente "foram cruciais para esta reprogramação, representando um círculo de retroalimentação que poderia ser a pedra fundamental da aprendizagem e da memória ao longo de todo o cérebro".
Durante a pesquisa, foram implantados 16 elétrons no córtex visual de 12 ratos para registrar sua atividade e, através de estímulos, as cobaias foram induzidas a utilizarem esses neurônios para funções motoras ao invés de visuais, o que foi bem-sucedido.
"Os experimentos também demonstraram que o corpo estriado ajuda o órgão a aprender a controlar padrões de atividade em outras áreas do cérebro, mesmo se esses padrões estiverem localizados em áreas sensoriais primárias como o córtex visual ", afirmou Rui Costa, neurocientista da Universidade de Columbia.
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