Doenças transmissíveis pela comida matam 420 mil pessoas por ano no mundo, diz ONU


Doenças transmissíveis por alimentos têm o mesmo impacto para a saúde pública que problemas como malária, tuberculose e AIDS, alerta uma especialista da ONU neste 7 de junho, Dia Mundial da Inocuidade de Alimentos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, pelo menos 600 milhões de pessoas no mundo caem doentes e 420 mil morrem após ingerirem comida contaminada.

Refeitório na base de Langley da Força Aérea dos Estados Unidos. Foto: Força Aérea dos EUA/Jarad A. Denton
Refeitório na base de Langley da Força Aérea dos Estados Unidos. Foto: Força Aérea dos EUA/Jarad A. Dento


Doenças transmissíveis por alimentos têm o mesmo impacto para a saúde pública que problemas como malária, tuberculose e AIDS, alerta uma especialista da ONU neste 7 de junho, Dia Mundial da Inocuidade de Alimentos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, pelo menos 600 milhões de pessoas no mundo caem doentes e 420 mil morrem após ingerirem comida contaminada.

“A maioria das pessoas passa muito pouco tempo pensando na inocuidade dos alimentos, a não ser que haja uma crise ou um escândalo de algum tipo. No entanto, com a exceção do ar que respiramos e da água que bebemos, não há nada com uma importância mais direta e rotineira para cada um de nós todos os dias”, afirma Renata Clarke, subcoordenadora regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O dia mundial lembrado nesta sexta-feira é fruto de uma parceria entre a agência e a OMS, com base em resolução da Assembleia Geral da ONU. Com a data, observada pela primeira vez em 2019, os organismos internacionais querem conscientizar todo o planeta sobre a inocuidade dos alimentos. A proposta é provocar reflexões sobre as responsabilidades individuais no manuseio da comida e também sobre o papel das empresas e instituições nacionais da cadeia alimentícia.

Renata lembra que os efeitos no curto prazo de doenças causadas por bactérias e vírus presentes nos alimentos podem ser devastadores. Mas essas infecções têm consequências de longo prazo, como doenças crônicas de rim, transtornos neurológicos, artrite reativa e síndrome do intestino irritável.

A contaminação da comida por substâncias químicas também gera preocupações graves, de acordo com a especialista. O componente aflatoxin – o mais potente agente cancerígeno conhecido – é um poluente comum em alimentos como milho e amendoim, quando os produtos são manuseados e armazenados de forma inadequada.

Renata explica que a OMS já estimou que o impacto das infecções transmissíveis por comida tem a mesma magnitude que a malária, tuberculose e AIDS.

A especialista ressaltou ainda outros riscos de saúde pública associados à contaminação alimentar, mas nem sempre conhecidos pelo público em geral.

“As mudanças climáticas estão tendo um impacto na ocorrência desses contaminantes químicos e microbiológicos, ao mesmo tempo em que outros contaminantes ambientais, como metais pesados (por exemplo, mercúrio e chumbo) e poluentes orgânicos persistentes, (vindos) da atividade industrial, também podem chegar à cadeia alimentícia, afetando negativamente a saúde dos consumidores”, aponta Renata.

No início deste ano, o Banco Mundial divulgou um relatório onde afirma que a comida contaminada custa mais de 100 bilhões de dólares por ano a países de renda baixa e média, devido a perdas de produtividade. O investimento inadequado na inocuidade dos alimentos é, portanto, não apenas um problema de saúde pública, mas uma importante questão econômica.

O que você pode fazer para evitar a contaminação

Em casa, hábitos inadequados podem ser responsáveis por uma ampla proporção de surtos de doenças transmissíveis por alimentos. Práticas comuns, mas que devem ser abandonadas, incluem: deixar alimentos cozidos fora da geladeira por mais de duas horas; usar a mesma tábua de cortar para preparar carnes e vegetais; e descongelar carne fora da geladeira, em vez fazer isso dentro do aparelho.

Segundo a ONU, é importante que os consumidores protejam a si mesmos e as suas famílias em casa e também por meio de escolhas seguras na hora de procurar vendedores de alimentos e restaurantes. Indivíduos devem optar por estabelecimentos e comerciantes que seguem boas práticas de higiene.

Realidade caribenha

No Caribe, a maioria dos suprimentos alimentícios é importada. Por causa disso, consumidores dependem amplamente de um sistema “invisível” de controle, operado por produtores e governos que precisam manter esses alimentos seguros.

A confiança pública pode ficar fragilizada se as autoridades competentes nacionais não se comunicam de forma consistente e eficaz sobre os programas implementados para combater infecções alimentícias. Quando ocorrem contaminações, todos perdem – consumidores sentem-se vulneráveis, autoridades nacionais perdem credibilidade e as empresas perdem dinheiro.

A FAO aponta para a necessidade de medidas de compartilhamento transparente de informação. Segundo a agência, também é preciso uma vigilância e monitoramento contínuos dos sistemas alimentares.

Karen Polson-Edwards, assessora de Determinantes Climáticos e Ambientais de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em Barbados e no leste do Caribe, explica que “o agente mais comum que causa surtos de doenças transmissíveis por comida no Caribe é o norovírus, que é altamente contagioso e pode afetar todos”.

“Os sintomas são diarreia, vômito e dor estomacal, que às vezes vêm acompanhados de outros sintomas, como febre e dores de cabeça”, completa a especialista.

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